domingo, 14 de novembro de 2010

O bar

Ontem, sentada à mesa de um bar que reúne um público interessante, bêbado e variado, pude notar quanto barulho se faz nestes lugares.

Numa mesa, uma moça de beleza interessante. Ela usava uma calça jeans, um scarpin preto e uma blusinha preta. Roupa básica, elegante, denunciando um corpo esguio. Os cabelos eram compridos, pretos, naturalmente lisos. Branca e de um rosto marcante por conta de um belo sorriso. Ela não usava maquiagem. De tudo o que mais chamava a atenção é o fato de ela ser naturalmente sexy. Simples, assim... sem fazer nada, sem se mostrar ou se esconder. Simplesmente sexy. Talvez a única criatura discreta que vi por ali.

Na mesa ao lado, um rapaz sentado sozinho prestando atenção em tudo que lhe cercava, especialmente nas moças bonitas que passavam e lhe tiravam a atenção do futebol no telão. Mas sempre me questiono o que faz alguém ir sozinho ao bar num sábado à noite?

E havia um grupo dançando e brindando de forma tão barulhenta que era impossível não notar a presença de tais criaturas. Será que são sempre felizes assim ou a bebida tem algo a ver com isto?

Gente bêbada, gente estranha, que grita, que fala mais do que têm a dizer, que não ouve a música, que parte trançando as pernas. Moças que chegam finas nos vestidos caros e ao final da noite estão derrubando os instrumentos antes de conseguir correr para o banheiro.

Gente engravatada com os olhos vermelhos, cara inchada e jurando que estavam discurssando sobre qualquer assunto com a língua enrolada. A mesma gente engravatada que dança rebolativamente ao som de "I will survive" ou qualquer pérola do considerado brega. Penso que no escritório não devem ser assim.

Ah....havia uma figura (como sempre) que estava na linha entre o chato e o engraçado. De chapéu de cowboy, calça apertada, não tão jovem quanto seus atos. Ele dançava e nos dava a certeza que jamais ouvira falar de ritmo. Chamou a atenção de todos e sozinho abriu a roda, roubou espaços e olhares. Dançou livremente e arrancou sorrisos e risos do público tão esquisto quanto ele.

Casais que expõe a intimidade em público, que brigam, que denunciam nos gestos as intenções pós-bar. E quem disse que eu queria saber?

Músicos de um talento que certamente lhes foi dado pelos céus! Já devem ter visto cada coisa ali...

Quanto barulho, quantas risadas, quantas garrafas, quantas histórias. Pergunto-me, seria isto a felicidade ou tristeza disfarçada?

Não sei, realmente não sei. Mas é realmente indiscutível o quanto o álccol e a música são instrumentos reveladores.

2 comentários:

  1. Oh dom hábil Deus lhe deu, o dom das palavras, lápis e papel e, nesse caso específico um blog, para nos presentar com belas linhas como essas, que nos fazem rir e refletir ao mesmo tempo.
    Continue assim!
    Beijos

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